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A ciência dos bebês inteligentes e felizes

Sou daquele tipo de pessoa que não tem muita intimidade com crianças. E mesmo depois de me tornar pai, isso não mudou muito. Claro que o meu relacionamento com minha filha é o melhor possível, mas algumas cenas engraçadas do quotidiano parecem comprovar que a minha dificuldade com os pequeninos é mesmo um traço de personalidade.

Por exemplo: às vezes, chegando do trabalho, eu abro a porta do apartamento, me abaixo e abro os braços, esperando que a Estela (minha filha), hoje com um aninho, venha até mim para que eu possa lhe dar um abraço. Mas o que acontece então? Ela me olha alguns segundos (tempo para concluir: “ah, é só o papai”) e volta para onde estava. Ou vem correndo, pega uma sacola na minha mão e se esquece da minha existência.

Para agravar um pouco mais minha paternidade, eu passei muitos, muitos anos longe do mundo infantil. Poderia praticamente dizer que a última vez que eu convivi com crianças foi quando eu era uma delas.

Enfim, minha situação antes do nascimento da minha filha não era das melhores.

Em busca de referências

Com esse histórico, eu não poderia iniciar a criação e a educação da Estela contando apenas com o meu bom senso. Como diria Descartes (com ligeira adaptação):

O bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que já têm.

Não podendo contar com os parentes a todo momento, eu tinha a obrigação de procurar referências de qualidade para me ajudar. Por indicação de um amigo, comprei o famoso “A Encantadora de Bebês”, do qual falarei futuramente aqui no blog. Por contra própria, procurei outro livro para complementar minha leitura naqueles assuntos não tratados pela Tracy Hogg. Sem espaço na estante, decidi comprar um e-book para o Kindle.

Baseado nas notas dos livros e nos comentários no site da Amazon, fiz uma pré-seleção com os três livros abaixo:

Meio angustiado por não saber qual escolher, estava prestes a comprar os três (e ficar desorientado com o excesso de informação), quando me deparei com uma breve avaliação de um americano de 40 anos, pai de primeira viagem, dizendo que havia lido vários livros, mas que o “Brain Rules for Baby — How to Raise a Smart and Happy Child from Zero to Five era de longe o mais informativo.

(A tradução literal do título é algo como “Regras do Cérebro para Bebês: Como Criar Crianças Espertas e Felizes, de Zero a Cinco Anos”. Aqui no Brasil o livro saiu com o nome “A Ciência dos Bebês: Da Gravidez aos Cinco Anos — Como Criar Filhos Inteligentes e Felizes”. Editora Zahar.)

Acreditando que o dedicado pai americano já havia feito a parte chata da pesquisa por mim, comprei o livro e comecei a lê-lo. Muito antes de terminar a leitura, contudo, já poderia afirmar que o Brain Rules for Baby havia superado todas as expectativas.

O que o livro tem de bom

Rapidamente o autor — John Medina, biólogo e pesquisador de desenvolvimento molecular — conquistou minha confiança com seu texto objetivo, claro e bem organizado. Na introdução, ele delineia bem os temas que serão abordados, os principais conceitos utilizados, as suas fontes (científicas e pessoais, pois é pai de dois garotos) e, muito importante, as restrições e dificuldades das pesquisas sobre o desenvolvimento cerebral de bebês e crianças.

Os temas, como o título já informa, são a criação de bebês espertos e felizes. Eu pensei que encontraria mais dados de cunho cognitivo, mas o livro foca principalmente no aspecto psicológico do desenvolvimento. Isso porque, de acordo com o autor, as pesquisas científicas por este viés têm mais histórico, mais resultados comprovados e, conclusão, mais exemplos para serem contados. Seres humanos emocionalmente estáveis, via de regra, são mais satisfeitos com a vida.

Além da introdução e da conclusão, o livro tem mais 7 capítulos: gravidez, relacionamentos, bebê esperto: semente, bebê esperto: solo, bebê feliz: semente, bebê feliz: solo e bebê moral.

Em todos os capítulos eu encontrei algo de novo e interessante, mas acho que a grande surpresa foi ter encontrado um capítulo sobre a influência do relacionamento dos pais no desenvolvimento das crianças. É um fato mais que óbvio; contudo, a forma como o livro explora a questão e dá até sugestões para superar eventuais problemas conjugais é bem legal. A principal dica é: desenvolva sua empatia, isto é, sua capacidade de compreender (não necessariamente aceitar) os sentimentos das outras pessoas.

Os conceitos: “semente” e “solo” se referem, respectivamente, às influências biológicas e externas da criação. O autor divide a importância dessas influências em 50%, 50%. Algumas crianças vão nascer mais inteligentes e felizes que outras; não dá para enfrentar os 50% da genética. A função dos pais então é criar o melhor ambiente possível — “adubando o solo” — para otimizar os outros 50%. Segurança, amizades e muito contato “face a face” são algumas das recomendações.

Ao final, estando as ideias bem embasadas, é apresentada uma longa lista de dicas, recordando os principais pontos dos capítulos anteriores. Somando com as notas que eu tomei ao longo do livro, escrevi 24 PÁGINAS de informações relevantes para me ajudar na criação das minhas filhas.

Para pais como eu, sem tempo para ler muitos livros sobre o assunto, recomendo para ler e reler. Foram U$ 8,10 bem aplicados.

7 regras cientificamente comprovadas para criar bebês inteligentes e felizes

O título em inglês deixa claro que existem regras para tornar os bebês inteligentes e felizes. Obviamente, eu não poderia terminar este post sem listá-las:

  1. Mãe saudável, bebê saudável;
  2. Comece pela empatia;
  3. A sensação de segurança possibilita o aprendizado;
  4. Desligue a TV e interaja;
  5. Faça novos amigos, mas mantenha os antigos;
  6. Nomear emoções acalma grandes sentimentos;
  7. Disciplina firme, mas com coração caloroso.

Quer saber mais?

A partir das minhas notas, eu escrevi vários posts que detalham um pouco de cada uma das 7 regras e que dão alguns exemplos de como aplicá-las:

  1. Mãe saudável, bebê saudável;
  2. Relacionamento conjugal x Desenvolvimento infantil;
  3. Como proteger seu relacionamento com empatia;
  4. 7 ingredientes da inteligência do seu filho que você não pode ignorar;
  5. Inteligência infantil: descubra o que ajuda e o que atrapalha;
  6. Como ser feliz — Um guia para crianças;
  7. 5 segredos sobre estabilidade emocional que todos os pais deveriam saber;
  8. Neurociência e educação moral.

(P.S.: a minha versão do livro é diferente da atual, por isso meus posts não vão acompanhar à risca a divisão dos capítulos da última versão.)

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Por Frederico B. Teixeira. CC BY-NC-SA.

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